Com o êxodo rural, na segunda metade do século 20, a festa dos brincantes mascarados saiu dos engenhos e fazendas e começou a ocupar a área urbana.
O Carnaval de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, é um dos mais tradicionais do interior do estado e tem como figuras tradicionais os papangus. De acordo com o portal Cultura.Pe, do Governo de Pernambuco, os festejos de momo no município atraem cerca de 600 mil foliões por ano e movimenta mais de R$ 10 milhões durante os dias de festa.
Mas, qual a origem do Carnaval do Papangu? A historiadora e pesquisadora Ladjane Torres explicou ao g1. “Tem uma origem rural, do século 19, nos engenhos e nas fazendas da região. As pessoas se vestiam com roupas que pudessem se esconder. O objetivo era que elas não fossem identificadas. Essas pessoas se caracterizavam e visitavam outras fazendas. Lá, elas eram recebidas com muita fartura, com mesa cheia”, afirmou.
“Eram mais homens, mas as mulheres começaram a se mascarar também. A recepção com fartura também seguiu como tradição”, contou Ladjane, que ressaltou que foi a partir deste êxodo, mais precisamente nos anos 80, que o poder público percebeu que o papangu era uma figura que atraía os turistas.
“A cidade poderia ganhar visibilidade, a renda do período [carnavalesco] poderia girar em torno dessa figura, atrair o turista e a mídia. Muitos artesãos vivem em torno do papangu. Bezerros tem papangu o ano todo, com a venda de máscaras características. Com essa visibilidade, as máscaras deixaram de ser grotescas e passaram a ser mais elaboradas, mais harmoniosas, esteticamente mais agradáveis. As roupas começam a ser fantasias mais sofisticadas, com brilho, mais glamourosas”, disse a pesquisadora.
Ladjane Torres, que também vem de uma família de brincantes do Carnaval de Bezerros, destacou Lula Vassoureiro como uma das principais figuras do festejo no município: “Ele vem da origem do primeiro papangu. É um símbolo de resistência da arte em Bezerros“.
G1 Caruaru