Médica oncologista Débora Porto – do NOA (Núcleo de Oncologia do Agreste) – alerta que, apesar dos números estarem associados ao consumo excessivo da bebida, a ingestão moderada do álcool também aumenta o risco de desenvolvimento da doença
Dados alarmantes mostram ligação entre casos de câncer de fígado e consumo de bebidas alcoólicas, como alerta a médica oncologista Débora Porto – do NOA (Núcleo de Oncologia do Agreste), em Caruaru, Pernambuco. Ela diz que o estudo foi publicado na revista científica The Lancet Oncology. Outros tipos de cânceres que também podem ter ligação direta com o mal hábito são os de mama, boca, garganta, laringe, esôfago, cólon e reto, segundo conclui a pesquisa.
O estudo cita que 741,3 mil diagnósticos de câncer, mais de 4% dos casos anuais de câncer no mundo (em 2020), estão ligados ao consumo de álcool. A médica destaca que, apesar dos números estarem associados ao consumo excessivo da bebida, na maior parte dos casos, a ingestão moderada do álcool também aumenta o risco de desenvolvimento da doença. A pesquisa foi realizada por cientistas do Canadá, Estados Unidos, França, Nigéria e Holanda.
O estudo estima ainda que o consumo diário de um pequeno copo de cerveja ou de vinho (equivalente a até 10 gramas de álcool) contribuiu para 35,4 mil a 145,8 mil casos de câncer (em 2020), sendo 77% em homens e 23% em mulheres. A ONG Cancer Research UK — do Reino Unido — confirma que sete tipos de câncer têm o risco aumentado com o consumo do álcool. Os de mama e o colorretal são os dois mais comuns. Os demais são os de boca, garganta, laringe, esôfago e fígado.
A oncologista acrescenta que a pesquisa concluiu o dano celular como o principal entre os causados pelo álcool. “O corpo o transforma em acetaldeído. A substância química pode, inclusive, impedir que as células reparem os prejuízos causados. Alterações hormonais também estão entre outros danos causados, já que o álcool aumenta os níveis de hormônios como o estrogênio e a insulina. Isso pode fazer com que as células se dividam com maior frequência, aumentando a chance de desenvolvimento de células cancerosas”, detalha.
A especialista finaliza dizendo que um terceiro dano é a possível alteração nas células da boca e da garganta. “Isso faz com que as células fiquem mais propensas à absorção de produtos químicos perigosos, a exemplo dos presentes na fumaça do cigarro”.