Em conversa com a reportagem, o perfil falso se apresentou como “sugar daddy” (papai de açúcar, em tradução livre), termo usado para se referir a homens mais velhos com o fetiche de sustentar parceiros mais jovens.
(FOLHAPRESS) – “Estou à procura de um bebê doce, que possa escutar meus sentimentos e às vezes fico safado.” A mensagem, redigida em espanhol com características de Google Tradutor, acompanha uma proposta: US$ 4.000 (R$ 20.331) mensais pelo serviço.
O perfil no Instagram mostra um homem grisalho, de olhos azuis e musculoso, que, conforme a reportagem apurou, enviou ofertas de dinheiro por trocas de mensagens de cunho sexual a ao menos cinco jovens.
A proposta, contudo, é o primeiro passo de uma abordagem golpista para pedir dinheiro.
Nas fotos, o perfil “anthony_owens_37” publica hashtags de Brasil, Peru, Venezuela, Austrália e França, mas o número de WhatsApp usado por ele tem prefixo da Nigéria (+234). Os seguidores do suposto Anthony Owens apresentam indícios de contas inautênticas compradas, que seguem milhares de pessoas sem conhecê-las.
Em conversa com a reportagem, o perfil falso se apresentou como “sugar daddy” (papai de açúcar, em tradução livre), termo usado para se referir a homens mais velhos com o fetiche de sustentar parceiros mais jovens.
Depois, pediu informações bancárias, de email e solicitou uma transferência para pagar uma suposta taxa de transferência internacional. Todos os pedidos foram negados.
Dezenas de pessoas no Brasil relatam receber golpes semelhantes no Twitter. A maioria dos alvos é mulher.
O produtor musical Dan Stroll recebeu uma oferta similar do perfil “andrew_richard_”. Essa conta falsa também enviou prints de outra suposta interação com outra jovem, para mostrar que o pagamento inicial de US$ 100 possibilitava uma transferência internacional de US$ 5.000. As imagens faziam parte da estratégia de convencimento por trás do golpe.
Entre o público gay que sofreu com a tentativa de estelionato, a fraude já era considerada comum no aplicativo de encontros Grindr.
Procurada, a Meta, dona do Instagram, afirma proibir quaisquer atividades fraudulentas na rede social. “Estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas. Também recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer atividades suspeitas no Instagram e que acreditem que possam ir contra as nossas diretrizes da comunidade através do próprio aplicativo”, afirmou em nota.
De acordo com a empresa, os usuários do Instagram podem escolher não receber mensagens de desconhecidos, na aba “Controles de mensagem”, nas configurações de privacidade.
Questionado via email, o Grinder não se manifestou.
De acordo com a empresa de cibersegurança Avast, a abordagem mais adotada pelos “sugar daddies” falsos é se aproximar com promessas financeiras e depois pedir um pagamento da vítima, que possibilitaria uma transferência maior a ser feita pelo golpista.
Os criminosos podem também usar a interação para tentar obter dados pessoais, no golpe conhecido como phishing -uma referência ao verbo pescar, em inglês, em alusão a existência de uma isca. Essas informações são usadas para aplicar novos golpes ou permitir transações online.
A vítima ainda fica vulnerável a links contaminados com programas maliciosos, enviados pelos estelionatários, sob justificativa de confirmar a remessa internacional. Os criminosos citam aplicativos de transferência como Cash App e PayPal, que tornariam a suposta operação possível, sem burocracia.
COMO EVITAR MENSAGENS DE GOLPISTA
Para evitar mensagens dos golpistas, é possível habilitar a opção de receber mensagens apenas de seguidores nas Configurações do Instagram. Essa funcionalidade está na aba Privacidade, na seção “Controles de mensagem”. No campo “Outras pessoas no Instagram”, selecione “Não receber solicitações”.
Em “Privacidade”, na aba “Palavras ocultas”, ainda é possível criar um filtro para evitar interações com perfis citando certas palavras. Bloquear a palavra “sugar daddy” pode evitar fraudes ou episódios de importunação.
Outro meio para evitar essas mensagens é tornar a conta privada. Essa opção pode ser ativada também na seção Privacidade, e impede que quem não é seguidor veja fotos e vídeos publicados no perfil.
Contas privadas, entretanto, não podem mencionar perfis que não seguem em comentários ou fotografias.
Os usuários ainda podem ativar a opção de só ser seguido por quem aprovar. Assim, só é possível enviar mensagem quem tiver aval para isso.
BLOQUEIE
A pessoa bloqueada não recebe notificação e perde a capacidade de enviar mensagens ou encontrar o perfil do bloqueador. Informações sobre como bloquear contas podem ser encontradas neste link.
Ao bloquear um perfil, é possível vetar novas contas que a mesma pessoa vier a criar, para dificultar que o abusador retome o contato.
DENUNCIE
A Meta também encoraja as pessoas a denunciarem quaisquer contas ou atividades suspeitas no Instagram por meio das ferramentas de denúncia.
– Para reportar um comportamento abusivo, é necessário clicar nas reticências na parte superior direita do perfil e selecionar a opção “Denunciar”
– O Instagram pergunta, então, o motivo da queixa. A Meta aconselha escolher a as opções “O conteúdo é inadequado” e “Está fingindo ser outra pessoa”
– Essa última opção demanda que o usuário especifique se a conta falsa está fingindo ser você, um conhecido, uma organização ou uma figura pública
Para finalizar, clique em “Denunciar conta”
EVITE TER A CONTA ROUBADA
Para fortalecer a segurança da conta, é recomendável ativar a opção de autenticação de dois fatores nas configurações de segurança.
Quando alguém tentar se conectar à conta, será preciso verificar a tentativa em outro aparelho.
A Cartilha de Segurança para Internet do CERT.br (Centro de Estudos, Respostas e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil) também indica estes cuidados para proteger suas redes sociais:
– Seja seletivo ao aceitar seguidores
– Configure sua conta como privada, quando possível
– Verifique a identidade da pessoa antes de aceitá-la em sua rede
– Bloqueie contas falsas,
– Evite compartilhar publicamente informações pessoais
– Ajuste o público-alvo das fotos que compartilha
O material está disponível neste link.
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