O Governo de Pernambuco, em parceria com a União Europeia, deu início, nesta quinta-feira (13), à elaboração do plano para descarbonizar a economia do Estado. O objetivo é criar um roteiro sólido para zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050, garantindo o desenvolvimento sustentável, com emprego, renda, qualidade de vida, preservação ambiental e vantagens competitivas no mercado internacional. Coordenada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), a iniciativa teve o roteiro da pesquisa, atividades e metodologias apresentadas pela equipe técnica do projeto, durante a reunião do Fórum Clima, transmitido pelas redes sociais.
Com a medida, Pernambuco agora se torna pioneiro na realização desse tipo de estudos no Nordeste, e ganha relevância em âmbito latino-americano por usar as mesmas ferramentas aplicadas no novo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU). De acordo com José Bertotti, secretário da pasta ambiental do Estado, todo esse aparato tecnológico e institucional estará focado em construir de forma participativa um novo futuro. “Nossa missão aqui é contribuir para que Pernambuco tenha uma economia inteligente, de baixo carbono, que promova o desenvolvimento realmente sustentável, com emprego, renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas sem esquecer de cuidar da natureza”, afirmou Bertotti.
O Plano de Descarbonização será elaborado a partir de projeções da economia atual, considerando os setores que mais impactam em termos de liberação dos gases causadores do aquecimento global. Com isso, será desenhada a trajetória para alcançar a neutralidade carbônica, ou seja, as medidas mais eficazes para acabar com as emissões ou compensar aquilo que não for possível deixar de produzir. De forma consistente, o estudo apresentará metas escalonadas de redução a serem alcançadas em 2025, 2035 e 2050. Serão, inclusive, apontados os investimentos necessários e os impactos sociais e econômicos decorrentes das ações propostas.
O representante da delegação da União Europeia (UE), Ignácio Asenjo, reforçou que o pacto verde feito pelo velho continente tem um objetivo ambiental, mas é também a base da estratégia político-econômica da UE. Assim, esse roteiro a ser abraçado por Pernambuco lhe trará importantes vantagens. “A economia global está se transformando e os primeiros estados a seguirem essa estratégia de descarbonização terão uma vantagem competitiva. Então, esse plano é também uma política econômica que está olhando para o futuro, para atrair investimentos, e vai integrar Pernambuco e sua economia às cadeias de valores globais”, argumentou Ansejo.
Presente à reunião, o secretário de Desenvolvimento Econômico e também presidente do Iclei para a América do Sul, Geraldo Julio, afirmou que a descarbonização da economia é uma pauta central. “Não existe mais a contradição entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico. A possibilidade de se viver de uma forma mais justa com o planeta e ter um futuro melhor para as próximas gerações é criar uma economia verde. Quero dizer que a condução do desenvolvimento econômico de Pernambuco está 100% comprometida com o Plano de Descarbonização”, disse o gestor.
Na construção do plano, será levada em consideração a substituição de matrizes energéticas por tecnologias de baixo carbono. Também não está descartada a possibilidade de um mercado de carbono, a exemplo do que já ocorre na Europa, com créditos de carbono para empresas que reportem suas emissões e atinjam determinados patamares. A versão final do Plano de Descarbonização será publicada em fevereiro de 2022, mas vários produtos intermediários serão consolidados e debatidos. Entre eles está a síntese das políticas públicas propostas para adoção das soluções de baixo carbono. Esse documento será apresentado por Pernambuco na COP 26, em novembro, na Escócia.