No fim de 2007, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu o dia 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo que atinge 1 em cada 160 crianças no mundo. Para conscientizar sobre a data e esclarecer a importância do diagnóstico e avaliações da equipe multidisciplinar, conversamos com neuropediatra, Giedra Marinho, Coordenadora da Clínica Multidisciplinar Alpha, Psicóloga Especialista em Infância e Adolescência, e Mestre em educação para o Ensino em Saúde.
O que o autismo? Quais as principais características?
Hoje falamos em TEA, transtorno do espectro autista. Transtorno porque, tem aspectos comprovados neurológicos, fisiológicos, cognitivos e comportamentais. E espectro, porque temos os níveis do autismo: leve, moderado e grave. As características variam de caso para caso, e a incidência maior é em meninos. Incluem, movimentos estereotipados, dificuldades cognitivas, como rebaixamento da atenção e concentração. Existe também algumas dificuldades relacionadas com socialização, e interação interpessoal.
Quais sinais os pais devem estar atentos?
Os principais sinais, que podem ser indicativos de autismo são: embotamento afetivo (dificuldade em lidar com as emoções), seletividade alimentar (preferência por texturas e comidas específicas), rebaixamento cognitivo em algumas funções, hipersensibilidade a sons altos, luzes e ambientes com muitas pessoas.
Qual especialidade médica procurar ajuda? Quais formas de tratamento e acompanhamento?
O diagnóstico tem que ser feito por médicos especializados no neurodesenvolvimento infantil. Hoje o tratamento é multidisciplinar. Com profissionais das áreas da: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, psicomotricidade, neuropsicológica, neuropediatra, psicopedagogia, entre outros.Existem vários tipos e abordagens de tratamentos: ABA Denver, Pecs, Hanen, Flortime, Sunrise, teach, entre outros.
Em que momento procurar intervenção médica?
Quanto mais cedo e correto o diagnóstico, melhor será o processo de intervenção e estimulação, principalmente a plasticidade cerebral, que será de suma importância para que os aspectos cognitivos possam ser trabalhados e estimulados para dar uma melhor qualidade de vida para essas crianças.
Existe concentração dos casos numa mesma família?
Hoje já sabemos que o TEA, tem causas genéticas e hereditárias. Vários membros da mesma família podem desenvolver. O acompanhamento genético, neuropsicológico, e do autodesenvolvimento é essencial, para intervenção precoce.
Não dá para imaginar como uma pessoa pode ser tão inteligente e, ao mesmo tempo, não decifrar os nomes dos próprios familiares e número de pessoas em casa. Como isso é possível?
Existe um nível dentro do TEA, chamado de Asperger, onde a criança, adolescente ou mesmo adulto possuem uma, ou mais áreas do desenvolvimento altas habilidades. Pode ser na área lógico matemático, musical, ou outra específica. Tenho conhecimento de 3 rapazes com Asperger que se formaram em medicina.
Existe causas para o autismo?
As causas para o TEA são multifatoriais, desde acontecimentos na gestação, genéticos, aspectis hereditários, sociais e comorbidades ocorridas na 1 e 2 infância especialmente.
Qual a importância de incluir o autismo no ensino regular?
A inclusão do autista é um processo lento e gradual. As crianças necessitam de acompanhado dentro e fora da escola. As atividades devem ser adaptadas, assim como todo o material escolar. Os professores devem ser instruídos e capacitados a manejar os comportamentos que os autistas apresentam diferentes das outras crianças.
Qual a importância do Dia do Autismo?
Falar sobre o TEA é de extrema importância para tirar dúvidas, e esclarecer mitos e verdades sobre o autismo. E conscientizar que podemos incluir e conviver com as diferenças e características que o autismo mostra.