Álbum com nove canções inéditas e autorais, voltado, principalmente, para crianças com deficiência, transtornos do neurodesenvolvimento e dificuldades de aprendizado, está disponível nas principais plataformas digitais
O cantor, compositor e musicoterapeuta Valdir Santos entra em uma nova fase autoral e lança o álbum Cirandar. O trabalho que contém nove canções inéditas é fruto de um estudo realizado por ele durante as sessões musicoterápicas com crianças e adolescentes com deficiência e/ou transtornos do neurodesenvolvimento. As músicas já estão disponíveis nas principais plataformas digitais, a exemplo do Spotify, no link https://open.spotify.com/intl-pt/album/6GCCAfH6uII0MdViIxuxRy?si=gSBu7Il5Tz-1IJZxVvlscw&nd=1.
Especialista em Musicoterapia, Valdir conta como o trabalho com crianças em consultório o inspirou a desenvolver o projeto: “Fui improvisando canções durante as sessões de Musicoterapia com o objetivo de ajudar no desenvolvimento de cada criança diante de uma determinada dificuldade ou deficiência apresentada por ela. E fui percebendo que as improvisações tinham possibilidade de chegar a outras crianças e serem utilizadas por outros profissionais, então, passei a transformá-las em composições. Nos acompanhamentos musicoterápicos, eu utilizo a técnica da livre improvisação, uma das experiências musicais da Musicoterapia, que me permite, como o próprio nome diz, improvisar, no momento exato de um atendimento, em uma atividade, uma determinada canção junto com o paciente”.
Para a gravação de algumas canções, Valdir envolveu a participação de crianças com autismo. “Participam do álbum quatro crianças, uma menina e três meninos, que foram acompanhados por mim em consultório. Nós ensaiamos, levamos para estúdio, fizemos todo o processo profissional mesmo que envolve a produção de um disco. E as famílias estão felizes demais com o resultado”, enfatiza.
Alguns dos títulos remetem a elementos lúdicos utilizados nas sessões: “A Caminhada dos Números”, “Qual é a Cor que Você Gosta?”, “Os Carros” e “Um Avião e um Caminhão”. “Cada canção foi criada para um determinado paciente. O que cada uma expressa é a verdade do momento, do que estava acontecendo. Expressam possibilidades. Eu digo que são canções inacabadas porque qualquer profissional, além dos musicoterapeutas e qualquer família de criança com deficiência ou não, pode utilizar a música, por exemplo, trocando o nome das pessoas ou de objetos citados nas letras, como por exemplo em ‘O Pato que Toca’, na qual eu cito alguns instrumentos”.
Outras abordam ações, como em “Mastiga Devagar”, ou instigam o profissional a questionar o paciente sobre seu estado de humor no momento, a exemplo de “Tá Tudo Bem”. “Cirandar pode ser muito útil a outros profissionais que utilizem a música em terapia, facilitando o próprio trabalho para estimular a concentração e a interação das crianças. Todas [as canções] foram criadas com um objetivo terapêutico, porque esse é o trabalho do musicoterapeuta, mas elas podem ser utilizadas também por professores, familiares, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, enfim. Essas canções podem trazer benefícios porque eu vejo isso no consultório. E se acontece aqui, possivelmente acontecerá fora daqui com outras pessoas”.
Valdir ressalta que o Cirandar é um trabalho para ser ouvido e compreendido por qualquer pessoa e não apenas por quem está em terapia. “A música que eu utilizo para finalizar as sessões é ‘Tudo que começa tem que Terminar’ e só o título já é um recado bacana para muita gente que começa projetos ao longo da vida e, por algum motivo, não dá andamento e não os conclui. Por isso que eu digo que não são canções apenas para pessoas com deficiência, são mensagens para qualquer pessoa praticar as lições no seu dia a dia”.
Trabalho com crianças – Não é novidade para Valdir Santos o trabalho musical com crianças. Em 2002 já atuava nas áreas social e educacional. Entre 2017 e 2018, juntou uma turma e montou a Trupe Katiti, que se apresentava em eventos dedicados ao público infantil. O grupo tinha músicos fixos, como a cantora Renata Torres e o percussionista Wagner Santos, um artista circense, o Jonathan Marinho, conhecido como Dom Dom, e músicos freelancers, a exemplo de Luan Nascimento e Philipe Moreira Sales.
“Acredito que o Cirandar é muito propício para retomarmos o trabalho com a trupe e levarmos as canções para outros lugares. Inicialmente, vamos disponibilizar as canções nas plataformas digitais, tentar fazer com que elas cheguem no maior número de pessoas possível. Depois, virão as animações, também vamos gravar alguns vídeos, dando orientações de como utilizar as canções e, em um outro momento, pensamos sim transformar tudo isso em um show e passar a levar essa proposta para alguns lugares, onde tem muita gente que não tem acesso ou possibilidade de ter um acompanhamento terapêutico e nem musicoterápico”, explica.
A trajetória – Em mais de 30 anos de carreira, Valdir Santos, que também é produtor musical, se dedicou ao forró, produzindo seis álbuns. Um deles, o “Moleque da Rua Preta”, foi lançado, em 2003, também na Europa. Há quatro anos, se despediu dos palcos para se dedicar ao trabalho como musicoterapeuta no Instituto Cirandar, junto com a esposa Hélida Nogueira, especialista em Neuropsicopedagogia. O espaço localizado na Rua Saldanha Marinho, 1452, no Maurício de Nassau, em Caruaru, atende crianças e adolescentes com atraso no neurodesenvolvimento e com dificuldade de aprendizagem. O lema do instituto é “diagnóstico não é destino de ninguém”.
CIRANDAR
Composições: Valdir Santos
Lançamento: 05 de agosto de 2023
Editora Humaitá Music Publishing
Capa: Júlia Santos
Disponível nas principais plataformas digitais
Em Spotify, no link: https://open.spotify.com/intl-pt/album/6GCCAfH6uII0MdViIxuxRy?si=gSBu7Il5Tz-1IJZxVvlscw&nd=1